quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Capítulo 1: ENSAIOS SOBRE DOCUMENTÁRIOS, QUADRINHOS E HISTÓRIA LOCAL: IDADE MÉDIA EUROPÉIA, CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA E LOCAL: COM AUXÍLIO DA TV, INTERNET, JORNAIS E ENTREVISTAS

Capítulo 1: ENSAIOS SOBRE DOCUMENTÁRIOS, QUADRINHOS E HISTÓRIA LOCAL: IDADE MÉDIA EUROPÉIA, CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA E LOCAL: COM AUXÍLIO DA TV, INTERNET, JORNAIS E ENTREVISTAS.

DIÁLOGOS DA HISTÓRIA COM A LITERATURA.

Sem desconsiderar que tanto a história como a literatura possuem métodos e exigências diferenciados e que mesmo suas metas podem ser distintas, podemos e devemos entrever, a partir dos pressupostos teórico-metodológicos evidenciados com a Nova História Cultural, que estas duas narrativas se empenham num esforço de capturar aspectos da vivência humana, de re-apresentar o real e, embora suas estratégias de argumentação sejam diferentes, ambos, história e literatura, têm por objetivo a reconfiguração de um passado, “real” ou “imaginário”, onde critérios como o da credibilidade e o da verossimilhança são observados.

Conforme nos alerta Sandra Pesavento, o historiador, na sua busca de construção de um conhecimento sobre o mundo, objetivando resgatar as sensibilidades de uma outra época, a maneira como os seres humanos representavam a si próprios e à realidade, como não recorrer ao texto literário, que lhe poderá dar indícios dos sentimentos, das emoções, das maneiras de falar, dos códigos de conduta partilhados, da gestualidade e das ações sociais de um outro tempo? E a literatura, por sua vez, não estaria dissociada da narrativa histórica. Sendo assim, buscamos refletir acerca da historicidade dos textos literários e da ficcionalidade da história, entrevendo diálogos possíveis de serem travados.

(MINISTRANTE: José de Arimatéa Vitoriano de Oliveira. Mestrando em História – UECE. e-mail: ari_vitoriano@hotmail.com telefones: 8838-0673 / 3478-3911.)

Neste capítulo mostraremos alguns ensaios para que os estudantes possam produzir seus próprios artigos científicos, de preferência, sobre Arte ou História, uma vez que a ideia aqui é trabalhar A História por meio da Arte.

No caso específico, a interdisciplinaridade aqui acontecerá entre as disciplinas de Português, Literatura e História. Utilizando-se documentários sobre História em sala de aula, através de entrevistas ou estudo de acontecimentos políticos por meio de jornais impressos, televisivos ou na internet.

Os estudantes, depois de lerem vários ensaios, passariam a produzir seus próprios. O professor de História analisaria a coerência histórica, enquanto o de Português corrigiria a gramática e o de Literatura se ateria aos elementos de coesão e coerência textuais.

Para um melhor trabalho é indicado que se passe as séries: "Cosmos""Como a arte moldou o mundo", e "Os bárbaros", depois de distribuir os ensaios: Xabur, Panoramix, Otaviano Augusto César e Alarico. Especificamente na História, depois da leitura dos ensaios , "O mundo segundo Asterix e Obelix e Alguns dos povos apresentados nas histórias Asterix", podem ser criados debates sobre quem eram os persas, gregos, saxânidas, macedônios, gauleses, elfécios, germanos, dácios, godos, e se perguntar se os romanos são aquilo tudo que a História Oficial traz e por que as versões históricas estão mudando.

Um dos temas dos ensaios produzidos pelos estudantes pode ser por que a arte é tão importante para a humanidade. Pergunte para a sala o que eles entendem por arte e se poderiam imaginar um mundo sem ela.

Se possível, seria muito proveitoso se o professor de Arte ensinasse técnicas de como produzir um documentário, para ser elaborado em equipes. Os professores das quatro disciplinas poderiam dar idéias de como realizar entrevistas, escolhendo alguma personalidade local, uma pessoa idosa ou que soubesse a história da cidade ou mesmo um artista local para dar um depoimento sobre o seu trabalho no dia a dia.

Podem ser passados em sala os filmes da série Asterix, que é desenho animado e também quadrinho. Quando analisada a obra de Goscinny e Uderzo com a criticidade necessária se obtém dela muita informação geográfica, histórica e artística e até mesmo sobre os deuses e idiomas de diversos povos.

Só em olharmos para o personagem Asterix, podemos perceber nele certa semelhança com dois outros personagens, um real em quem ele foi espelhado, Napoleão Bonaparte, por isso a estatura minúscula do gaulês e outro fictício, trata-se do deus nórdico do trovão,Thor, por isso as asas no capacete em referência.

Panoramix é outro destaque, mostra as vestimentas dos antigos sacerdotes chamados druidas e alguns rituais religiosos. Os druidas eram responsáveis pela educação de seu povo. Chatotorix é a caricatura dos bardos que além de cantar e criar versos, dividiam com os druidas o direito e dever de transmitir educação aos de sua tribo.
Outras profissões ainda aparecem nas revistas em quadrinhos, no desenho e nos filmes da série Asterix, o gaulês, como ferreiro e peixeiro. Outros aspectos também são mostrados, como o fato de os gauleses beberem muito vinho, comerem javali, velejarem mar a dentro e adorarem uma boa briga.

Questione com os estudantes se esse povo era assim ou se a verdade foi simplesmente exagerada e onde aconteceram esses exageros. Até onde podemos confiar na obra de arte como fonte histórica? Mostre a importância de pesquisar em várias fontes e de analisar bem antes de formar opinião sobre certo assunto, uma vez que os criadores dos textos, filmes, desenhos e documentários não são imparciais.

É importante alertar que cada autor traz a sua versão e enxerga onde o outro não vê, com maior ou menor criticidade e com foco teórico divergente. Assim, nenhum tem sozinho razão total, contudo, a verdade estará possivelmente na direção em que os especialistas mais renomados apontam em conjunto.

Arquivo Municipal de Pacoti e Intercâmbio cultural serão abordados nas aulas de história municipal. Visitas ao Arquivo Municipal de Pacoti e entrevistas com os sócios da SEMPRE e participantes do Grupo Coruja, na Gincana Cultural Coruja Solidária, são exemplos para itinerário de aula de campo na cidade de Pacoti, assim como visita à Câmara Municipal em dia de conferência são modos de conhecer um pouco mais da história política.

Política e história local são dois quesitos que não são muito comuns na escola, mas que devem ser trabalhados intensamente a fim de obter uma juventude com maior consciência de sua cidadania.

Os estudantes produzindo seus próprios quadrinhos sobre o município seria uma atividade bastante interessante, para tanto é necessário algumas noções básicas, de preferência de algum pintor local, sobre perspectiva, balões e técnicas de desenho geométrico e cores, ou que os próprios professores pesquisando e aprendendo essas técnicas repassassem para os educandos.

Bem interessante era haver um projeto estadual de formação pedagógica para que artistas locais pudessem atuar profissionalmente como professor co-adjunto da disciplina de Arte e Educação Física, no caso das artes marciais e de enxadristas, com um salário e horário fixos. Assim, os estudantes aprenderiam a pintar, compor poesias, crônicas, contos e música e a jogar capoeira e xadrez, além de produzir artesanato, conhecimento que lhes serviriam para a vida além da escola e não apenas uma teoria vazia de significado e utilidade.

A escola precisa de uma reforma geral que deixe o ensino-aprendizagem mais emocionante e prático para a vida, em vez de ser sempre repetitivo, enfadonho e levar à evasão escolar.

No município de Pacoti existe um projeto de uma casa de artes hoje chamada Colmeia que trabalha com capoeira, música, pintura e artesanato mas que ainda não está perpetuada por lei. O ideal é, além de perpetuar esse projeto, trazê-lo para a sala de aula, aprimorando-o piamente para uma educação de alta qualidade no combate à evasão escolar.

O ensaio Obras de arte requererá a leitura do texto Universo das artes no livro Convite à Filosofia de Marilena Chauí e que a série Como a arte moldou o mundo, apresentada pelo Dr. Nilgel Spivey seja assistida na íntegra. O que levará vários dias. Após isso, poderá ser cobrado pesquisas na internet sobre outros conceitos de arte.

Em seguida os estudantes criarão ensaios defendendo cada um o seu próprio conceito sobre o que é arte. Em aulas seguintes poderá ser debatido como a arte é usada para manipular as massas ainda hoje, lembre-se de comparar com o “panen et circus” romano.

Outro debate poderá abordar a arte como instrumento de verdade e libertação do homem, um aparato filosófico a mais para que a humanidade progrida sempre. Qual a importância dos movimentos artísticos nas revoluções? A arte em si é uma coisa boa ou ruim?

Uma sugestão de atividade é dividir a sala em dois grupos, um levanta todo o lado maquiavélico e acusa a arte de todos os jeitos por meio de argumentos encontrados na série como a arte moldou o mundo, no texto universo das artes e em outros referenciais teóricos encontrados em enciclopédias, livros de literatura e na internet.

O segundo grupo faz exatamente o mesmo no sentido de levantar argumentos para provar que a arte é uma coisa totalmente vital ao homem, apelando ou não para o seu lado natural, isso dependerá da visão de cada um.

1.1 QUADRINHOS:

Muitos dos desenhos animados surgiram durante as grandes Guerras Mundiais, dentre eles "Asterix", "Capitão América" e "Zé Carioca", cada um com um objetivo diferente de acordo com o local de nascimento, segundo o programa "Observatório da imprensa" da "TVE" em 2/09/2009.

A razão de existir do Capitão América é não outra que incentivar o alistamento militar, tanto que numa das primeiras revistinhas o herói estadunidense aparece dando um soco no rosto de Adolf Hitler, este é transformado em personagem que carrega no braço a cruz gamática e um de seus subordinados mais elevados, noutra historinha é transformado num robô nazista maléfico. Ambos são presos pelo Capitão América.

"Zé Carioca" existe simplesmente para que os laços do Brasil se estreitassem com os EUA, embora que o pato Donald obtenha hoje de longe maior sucesso.

No livro “Crítica ao pato Donald” é levantada a hipótese de Wall Disney ser amante do nazismo, razão pela qual "Donald" trabalha na Alemanha em um episódio que supostamente fora proibido de reprise na época, contudo, no tal episódio depois de enlouquecer na fábrica, o pato acorda e vê que tudo não passa de um pesadelo.

É uma questão que pode ser abordada tanto como uma crítica ao nazismo como também podemos interpretar um desejo oculto do criador da "Disney", uma das maiores empresas de desenhos no mundo, de ajudar os alemães, uma vez que nos próprios Estados Unidos, assim como no Brasil e em outros países, o mesmo preconceito sobre a dita “raça” continua arraigada nos diferentes mantos do etnocentrismo.

Mafalda é um tipo de quadrinho crítico assim como Asterix, este faz gozações contra a guerra e contra os diferente povos, aquela faz menção mais intelectualizada sobre política. São antes de tudo livres da visão de governo.

Enquanto Perón planejava com Hitler invadir o Brasil, e a França se alia à Inglaterra e EUA, os criadores de Asterix, o gaulês e Mafalda não fazem propaganda do governo, assim como as empresas Disney e Marvel que hoje se fundem numa só. Uma boa leitura complementar seria o livro Super-homem e seus amigos, e existem outros livros de crítica aos desenhos como o de Psicologia, "Pica-pau, herói ou vilão?"

Uma pesquisa muito interessante, questão também levantada no programa Observatório da imprensa, é sobre o fato de desenhistas brasileiros trabalhando nas empresas multinacionais trocarem de sobrenome para não sofrerem preconceito no seu próprio país e nos Estados Unidos, onde são muito preconceituosos contra nós brasileiros.

A maioria da população que consome esses quadrinhos sequer sonha que são brasileiros que desenvolvem o layout e trama que tanto os diverte por trás de um nome americanizado a fim de manter o emprego, e quem sabe até, falando só inglês pra ninguém desconfiar.

Mundo Antigo: Alguns dos povos apresentados nas histórias Asterix

Túlio Vilela: Professor de História

Romanos: Em Asterix, apesar de todas as piadas e absurdos, é possível perceber que alguma pesquisa foi realizada no que se refere ao modo como Roma foi retratada, especialmente nos cenários desenhados por Uderzo. É curioso notar que em Asterix os romanos raramente são retratados como maus ou sinistros, apesar de todos os planos e tentativas de conquistar a aldeia dos gauleses. Isso porque em Asterix, os gauleses não odeiam os romanos, querem apenas preservar sua cultura e estilo de vida. Um exemplo disso é que apesar de possuírem a poção mágica que concede uma força descomunal a quem bebe,e cuja fórmula é conhecida apenas pelo druida Panoramix, os gauleses da aldeia a usam somente para fins de defesa e jamais para conquista. Trata-se de uma crítica a toda forma de expansionismo militar. Outra razão para os romanos, apesar de adversários dos gauleses, serem na sua maioria personagens simpáticos é que Goscinny e Uderzo jamais poderiam negar ou desprezar a herança cultural deixada por Roma. Na vida real, a Gália tornou-se uma das mais romanizadas províncias do Império Romano. Os gauleses acabaram assimilando os hábitos e a cultura romana. Exemplo disso está no próprio idioma, pois a atual língua francesa surgiu do latim, a língua falada pelos antigos romanos, e que também deu origem ao italiano, ao português, ao espanhol e ao romeno (falado na Romênia). Daí as semelhanças entre essas línguas e o fato de serem 
consideradas línguas latinas.

Gauleses: Os gauleses viviam na Gália, território que corresponde mais ou menos aos territórios das atuais França e Bélgica. Assim como nos quadrinhos, os gauleses da vida real tinham carne de javali no cardápio. Também tinham druidas, mas esses eram bem diferentes do simpático Panoramix: realizavam sacrifícios humanos em alguns de seus rituais e, é claro, não tinham a fórmula de nenhuma poção mágica.

Bretões: Gauleses e bretões eram povos aparentados. Ambos tinham origem celta. Os celtas eram povos que habitaram o norte e o centro da Europa. Em Asterix entre os bretões, há várias piadas que fazem referência à Inglaterra dos dias de hoje: o fato de as carroças dos bretões andarem na outra mão (da mesma forma como os automóveis trafegam na Inglaterra de hoje), a carroça de dois andares (uma alusão ao famoso ônibus de dois andares que andam nas ruas de Londres), o hábito dos bretões de tomarem a ‘quente água” (uma brincadeira com o hábito inglês do chá das cinco), o fato de os bretões falarem os adjetivos antes dos substantivos (Exemplo: “As romanas patrulhas”) e um certo jogo que lembra dois esportes de origem inglesa, o futebol e o rúgbi (não confundir com o futebol americano). Até o nome do chefe bretão, Godseivzekingos, é uma brincadeira com God Save the King (“Deus salve o rei”), o hino nacional britânico, que também é conhecido como God Save the Queen( “Deus salve a rainha”). Por fim, como a história foi publicada na década de 1960, os quatro bardos que aparecem cantando para delírio das fãs são os próprios Beatles caricaturados.

Belgas: Os belgas também eram gauleses. César em seu relato sobre a conquista a Gália, chegou a afirmar que os belgas estavam entre os mais valentes guerreiros de toda a Gália.

Na França, os belgas são alvo de piadas semelhantes às piadas de português contadas no Brasil. A aventura Asterix entre os belgas também brinca com isso. Nessa mesma aventura, aparecem dois guerreiros belgas com a cara dos detetives Dupond e Dupont, personagens da mais conhecida série de histórias em quadrinhos da Bélgica: As aventuras de Tintim.

Vale lembrar que a Bélgica atual é um país com dois idiomas oficiais, o francês e o flamengo (idioma que também é falado na Holanda).

Godos: O único povo mostrado de maneira realmente sinistra em Asterix são os godos, povo de origem germânica. Nem mesmo os romanos foram retratados de forma tão negativa.Isso porque os godos representavam os alemães e a memória da ocupação da França (sic) pela Alemanha nazista ainda era muito recente quando as aventuras de Asterix foram criadas. em Asterix e os godos, os guerreiros godos usam capacetes semelhantes aos usados pelos alemães na Primeira Guerra Mundial. Nessa mesma história, Asterix e Obelix enfrentam um godo que quer conquistar tudo e todos, trata-se de uma referência a Adolf Hitler, ditador nazista que governou a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Helvéticos: A região da Helvécia corresponde ao que hoje é a Suíça. daí, na aventura Asrerix entre os helvéticos, aparecerem os banqueiros helvéticos, uma brincadeira em cima dos famosos bancos suíços (os mesmos onde certos políticos brasileiros depositaram dinheiro obtido ilegalmente).

Normandos: Os normandos, nome que significa “homens do Norte”, ou nórdicos eram os antigos habitantes da Escandinávia (região gelada da Europa da qual fazem parte a Noruega, a Dinamarca. a Suécia e a Islândia). Trata-se do mesmo povo que, na Idade Média, ficou conhecido como vikings.Há uma região da França atual que recebeu o nome de Normandia porque no passado foi colonizada pelos normandos. Os normandos aparecem com destaque em duas aventuras de Asterix: "Asterix e os Normandos" e "A Grande Travessia". Na primeira, os corajosos normandos organizam uma expedição para tentar descobrir o que é o medo, algo que jamais sentiram e tinham grande curiosidade em saber como era (o final é surpreendente), na segunda, normandos e gauleses chegam na América séculos antes de Colombo. Detalhe: em "A Grande Travessia" , o cão dos normandos é da raça dinamarquês e late com sotaque (!).

Hispânicos: Na aventura "Asterix na Hispânia", Asterix e Obelix visitam a Hispânia ,nome que era dado a Península Ibérica (onde hoje ficam Portugal e Espanha). Nessa história, os hispânicos lembram os espanhóis de hoje,falam “Olé” e gostam de touradas. Só mesmo nos quadrinhos, porque certamente, os hispânicos deviam ser bem diferentes dos espanhóis atuais. Uma das razões é porque boa parte da cultura espanhola de hoje é produto de influências que vieram depois do domínio romano, como por exemplo, a influência árabe.

Índios norte-americanos: Uderzo e Goscinny não fizeram piadas em cima apenas dos países da Europa, sobrou também para os Estados Unidos. Em "A Grande Travessia", Asterix e Obelix chegam à América do Norte e encontram uma tribo de índios. Num momento, um dos índios apanha de Obelix e fica enxergando estrelas, no caso, as estrelas da bandeira dos Estados Unidos. Outro índio apanha de Asterix, mas as estrelas que esse enxerga são da insígnia da força aérea norte-americana. Imaginem só se tivessem chegado na América do Sul, mais especificamente onde hoje é o Brasil.

Quadrinhos e Antigüidade: O mundo antigo segundo Asterix e Obelix

A aldeia de Asterix, sempre apresentada na abertura das histórias do personagem

"Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda ? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor." Essa é a introdução que aparece antes de cada aventura de Asterix, o gaulês, famoso herói das histórias em quadrinhosfrancesas.(sic) Nas aventuras de Asterix, os legionários romanos quase sempre aparecem apanhando dos gauleses, especialmente de Obelix, o melhor amigo de Asterix.

Mas será que os antigos romanos eram parecidos com os mostrados nessas histórias? E os outros povos da Antigüidade que também aparecem nessas histórias (gauleses, bretões, gregos,egípcios....)? Será que alguma tribo de gauleses conseguiu mesmo resistir aos romanos? Para responder essas e outras perguntas, precisamos separar o que é real do que é imaginário. Isso porque, como veremos com mais detalhes, nas histórias de Asterix, enquanto alguns elementos têm base em fatos históricos, outros são pura fantasia.

Metáfora da ocupação nazista na França

As histórias de Asterix foram criadas com o propósito de divertir e não com a pretensão de "ensinar História". Por isso, elas se valem do mesmo recurso usado para fazer humor nos desenhos animados dos Flintstones (sic) , a famosa família da Idade da Pedra: retratar o passado com as características do modo de vida dos dias de hoje. Na verdade, as histórias de Asterix refletem muito mais a época em que foram criadas do que propriamente a época em que elas se passam.

Asterix foi criado pela dupla de franceses René Goscinny (escritor, já falecido) e Albert Uderzo (desenhista, que continuou a criar as histórias após a morte de Goscinny em 1977). O personagem apareceu pela primeira vez na revista francesa Pilote em 1959. Segundo vários críticos, o fato dessas histórias tratarem de um povo (os gauleses) resistindo à dominação de outro (os romanos) pode ter sido inspirado na resistência francesa à ocupação nazista durante (sic) a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ou uma crítica à hegemonia dos Estados Unidos após a Segunda Guerra.

Seja como for, ao ler Asterix podemos aprender mais a respeito do mundo contemporâneo do que a respeito do mundo antigo. Neste artigo, responderemos algumas perguntas e falaremos um pouco de como diferentes povos foram mostrados nessa famosa série de quadrinhos.

Em qual período da história de Roma se passam as histórias de Asterix?

As aventuras de Asterix se passam no período da República (509 a 27 a.C.). Trata-se do período em que Roma foi governada pelo Senado. Os outros períodos da história de Roma são o da Monarquia (753 a 509 a.C.), quando a cidade foi governada por reis, e o do Império (27 a.C. a 476 d.C.), em que o Senado perdeu parte da força que tinha antes e o poder passou a se concentrar nas mãos dos imperadores. Portanto, Júlio César, o general romano que liderou a conquista da Gália, e que é figura recorrente nas aventuras de Asterix, jamais foi imperador como muita gente costuma imaginar.

O título de "imperador" (que significa "supremo") só surgiu depois da morte desse general e foi utilizado pela primeira vez por Otávio, sobrinho e filho adotivo de César, que passou a se chamar Augusto (nome que significa "divino"). Apesar de jamais ter recebido o título de imperador, Júlio César foi o principal responsável por várias conquistas militares que tornaram possível o Império Romano. Por isso, em sua homenagem, todos os imperadores romanos eram também chamados de Césares.

Júlio César, no traço de Uderzo

O verdadeiro Júlio César era mesmo parecido com o Júlio César mostrado nos quadrinhos?

O Júlio César mostrado nos quadrinhos de Asterix guarda semelhanças físicas com as estátuas e bustos feitos em homenagem ao verdadeiro César. No entanto, vale destacar uma curiosidade: essas estátuas e bustos geralmente mostram Júlio César com todos os cabelos, mas quando foram feitas, o modelo já era calvo. Trata-se de um fato comum na História: os poderosos são retratados da forma como eles gostariam de ser lembrados e não como realmente eram. No que se refere à personalidade, o César dos quadrinhos também lembra o que existiu em alguns aspectos, tais como espírito de liderança e habilidade política.

Cleópatra, a rainha do Egito? Há semelhanças entre a verdadeira e a mostrada em Asterix?

Cleópatra mostrada nos quadrinhos (e também no filme Asterix e Cleópatra) é inspirada na imagem popular difundida nos filmes de Hollywood, a de uma rainha sedutora e de beleza exótica que encantava inúmeros homens. Ao que tudo indica, a verdadeira Cleópatra era bem diferente: descendente dos reis ptolomaicos, dinastia fundada por um dos generais de Alexandre, o Grande, ela tinha muito mais em comum com os gregos do que com os egípcios (Alexandre, que veio da Macedônia, difundiu a cultura grega no Ocidente).

Segundo Plutarco, filósofo e historiador grego que viveu na Antigüidade, Cleópatra não tinha uma beleza extraordinária, mas era muito atraente, com uma voz capaz de encantar os homens em qualquer língua. Tal como mostrado no álbum O filho de Asterix, ela teve realmente um filho com Júlio César. No entanto, na vida real, César recusou-se a tornar esse filho seu herdeiro, honra que coube a OtávioO filho de César e Cleópatra, que se tornou o faraó Ptolomeu 15, também conhecido como Cesarion ("Pequeno César"), teve um final trágico: morreu assassinado aos dezessete anos por ordem de Otávio.

Além de Júlio César e Cleópatra, outras figuras históricas já apareceram nos quadrinhos de Asterix?

Sim. Dentre os quais podemos destacar, Vercingetórix, chefe gaulês que tentou resistir à conquista romana, e Brutus, enteado de Júlio César, que se tornaria um dos responsáveis pelo assassinato de César (daí a famosa frase que César teria proferido pouco antes de morrer: "Até tu, Brutus?!").

Alguma tribo gaulesa conseguiu mesmo resistir à ocupação romana?

Inicialmente, os gauleses conseguiram oferecer resistência, mas acabaram sendo conquistados pelo exército de César. Em 52 aC. o chefe gaulês Vercingetórix conseguiu unir as tribos do centro e do leste da Gália contra os romanos. Tudo o que sabemos desse chefe é aquilo que o próprio Júlio César escreveu em sua obra "Das guerras na Gália". No início, esse chefe conquistou algumas vitórias usando a prática da "terra queimada", que consistia em abandonar as terras mas deixando-as de maneira que o inimigo não conseguisse se reabastecer (sem comida). No entanto, após uma derrota numa batalha, Vercingetórix se rendeu para poupar seu povo. Foi levado como prisioneiro para Roma e jogado em uma cela. Há indícios de que tenha morrido estrangulado na prisão em 46 a.C. Como se vê, apenas nas aventuras de Asterix é que os gauleses vencem os romanos no final.

Vercingetórix depõe as armas aos pés de César

Todos os povos mencionados nas histórias de Asterix existiram mesmo?

Sim. No entanto, como já afirmou certa vez numa entrevista, o próprio desenhista Albert Uderzo, esses povos devem ter sido bem diferentes na vida real, principalmente no que se refere aos costumes. Nos quadrinhos de Asterix, os povos antigos são mostrados com as características atribuídas aos povos que vivem hoje nas regiões onde se passam as histórias. Daí, os gauleses parecerem com a imagem que os franceses fazem de si mesmos (que é bastante diferente da que o resto do mundo faz dos franceses) ou os bretões parecerem com os ingleses dos dias de hoje.

1.2 HISTÓRIA-LOCAL:

A história local talvez seja um dos mais motivadores e dificultosos trabalhos do historiador, principalmente em cidade de interior feito Pacoti, onde todo mundo se conhece praticamente, pois pegar nos calos dos outros faz doer os nossos próprios.

Agora, ao menos o lado bom deveria ser trabalhado toda semana, até por que a lei municipal fala justamente isso. Está escrito no nosso regimento interno, lei orgânica municipal, de Pacoti que se implantará uma aula por semana, pelo menos, de história-local, mas na prática, nem todos os professores obedecem por falta de compromisso ou mesmo conhecimento.

Para este passo ser firmado muito contribuirá o nosso recém-fundado arquivo público municipal por iniciativa da população local organizada numa associação chamada SEMPRE, além de entrevistas serem necessárias para passar a História a limpo.

Depois de lidos esses dois textos, Arquivo público municipal de Pacoti e Intercâmbio cultural é de extrema relevância entrevistar pessoas engajadas no SEMPRE e que fizeram parte do APAIP. Daí, então os estudantes produziriam artigos científicos sobre o SEMPRE, o APAIP, A Gincana Cultural Coruja Solidária e a fundação do Arquivo público de Pacoti.

ARQUIVO PÚBLICO DE PACOTI

Aroldo Filho
Pacoti-Ceará,10/02/2009

Ontem, 09/02/2009 foi assinado pelo prefeito de Pacoti, Rômulo Cruz Gomes, o projeto de lei para a criação do Arquivo Público municipal da cidade em uma reunião com Francisco Levi Jucá, presidente da SEMPRE.

SEMPRE é uma associação sem fins lucrativos criada com o intuito de realizar alguns projetos culturais, como: a implementação de um Museu, ideia de José Aroldo Gonzaga Arruda Filho, a elaboração de um livro didático sobre o Município de Pacoti, idealizado e pesquisado por Maria Rosimar Brito Arruda,entre outros que visam o resgate histórico e valorização cultural da história local. 

O principal objetivo da SEMPRE foi a criação do próprio Arquivo Público, ambos idealizados e criados por José Aroldo Gonzaga Arruda Filhoobjetivo cumprido com o projeto de lei criado Por José Aroldo Gonzaga Arruda Filho, Maria Rosimar Brito Arruda e Francisco Levi Jucá Sales.

Algumas vantagens de um Arquivo: criação de alguns empregos diretos, uma nova área para pesquisa não só do município como do Maciço de Baturité, pois receberemos documentos sobre a Serra atualmente sobre a guarda do Arquivo Estadual em Fortaleza (rua Senador Pompeu com rua Senador Alencar), propagação do município, pois será o primeiro Arquivo Público do interior criado no Nordeste, consequentemente, elevação do turismo, o que gera empregos indiretos.

Já é uma primeira vitória do SEMPRESegmento dos Estudiosos do Patrimônio Regional.

Aroldo Filho é Criador e idealizador da SEMPRE, do Arquivo Público de Pacoti e do Jornal Delfos, do qual é presidente 
https://jornaldelfos.blogspot.com/2011/03/intercambio-cultural.html )


INTERCÂMBIO CULTURAL
Aroldo Filho

1-1º. Arquivo do Nordeste
2-A saga de uma coruja
3-APAIP
4-O SEMPRE

1. 1º. Arquivo do Interior do Nordeste

Em 19 de abril de 2008, nasce em Pacoti o SEMPRE_ Segmento dos Estudiosos da Memória e Patrimônio Regional da Serra de Baturité_, uma associação sem fins lucrativos de direito privado com o objetivo de resgatar a história do município de Pacoti.

A ideia da própria formação do grupo SEMPRE era criar um Arquivo Público Municipal em Pacoti visto que os documentos que contam a história do município carecem restauração e limpeza urgente. Um trabalho que já começou a ser feito quando eu e mais dois estudantes de História  resolvemos dar uma olhada no chamado"Arquivo Morto", encima da "Ilha Digital", no centro.

Elaborei um projeto de lei, juntamente com o estudante de História Francisco Levi Jucá Sales, e com a Historiadora Maria Rosimar Brito Arruda que foi encaminhado ao prefeito Francisco Rômulo Cruz Gomes, que enviou-o à Câmara de Pacoti em caráter de urgência, depois de devidamente analisado.

Em 15 de maio de 2009, comparecemos à Câmara os 3 Estudantes do curso de História, um deles já formado pela UVAJoathan Norjosa, trabalhando há algum tempo na limpeza e organização do local, onde estão os documentos por intermédio da Secretaria de Educação.

Nesse dia foi aprovada em sessão oficial a Lei de criação deste que foi o primeiro Arquivo Público a nível de nordeste a ser implantado fora das capitais.

Uma pena ele ter sido fechado o Arquivo Municipal José Audísio de Sousa, em Pacoti, em 2010, quando Levi Jucá fora seu diretor. Fizemos a nossa parte, e a lei que criamos impedia seu fechamento.

Foi um fechamento contra a lei o que a Prefeitura Municipal de Pacoti fez.

Mas, nós não somos polícia. A vida continua. Continuamos com os nossos trabalhos na Associação como a exposição "Pacoti, uma História em documentos",projeto aprovado pelo Banco do Nordeste em 2010 e realizado desde 10 de dezembro de 2010 até o momento.

Hoje, o SEMPRE funciona com uma sala dentro do CAMPUS EXPERIMENTAL DA UECE EM PACOTIcedida pela pró-reitora de extensão, Dr. Lúcia Helena Fonseca Grangeiro.

2. A saga de uma coruja

A partir de 1987, duas colegas formadas pela UECE em FilosofiaSolange Nojosa e Telma Marques, a primeira sendo filha de Pacoti e a segunda do Estado do Maranhão, realizaram as 1ª, 2ª e 3ª Semanas de Educação de Pacoti, onde aconteciam palestras da UECE, UFC e da Secretaria de Educação para os professores.

As duas alugam um prédio da Igreja e fundam a Teia de Renda, pousada que recebe os professores e universitários de Fortaleza em acordo com a prefeitura na gestão do prefeito Rômulo Gomes.

Tarcísio Santiago, na época professor da UFC, faz a doação para o então Centro Cultural, antigo Departamento de Cultura, de uma Hemeroteca, onde hoje é a Secretaria de Cultura. Adísia Sá, do Jornal O Povo, doa para o mesmo Centro, uma biblioteca. Uma professora das redes estadual e municipal, Rosimar Brito, que se graduava pela UVA de Sobral em Estudos Sociais, resolveu, em conversas com Solange e Telma, criar uma Gincana Cultural chamada Coruja Solidária, em 1991. Formou-se, então, um grupo de teatro amador que fazia o chamado todo mês, de maio a dezembro, com exceção de julho, para os 3 dias de atividades.

O famoso Grupo Coruja, que contava com integrantes das escolas: Instituto Maria Imaculada, Centro Cultural São Luís e da Escola de 1o grau Menezes Pimentel. TelmaRegina Marques foi a 1ª Diretora de Cultura deste município e Maria Rosimar Brito Arruda a 2ª (na gestão do prefeito Pedro Brito); criou e organizou por muitos anos o 1º Festival de Quadrilhas.

A última aparição do Grupo Coruja foi em 1997, na gestão do prefeito Edson Araújo, para a inauguração da Galeria Raimundo Siebra; onde acontecem várias exposições, dentre elas o projeto "O Pacoti visto por suas crianças",com a escolha dos melhores desenhos dos estudantes em todo o município.

3. APAIP

No ano de 2001, nasce em Pacoti um grupo chamado APAIP_ Associação de Poetas e Artista Independentes de Pacoti_, que chegou a conter 13 integrantes. A maioria fez parte da Gincana Cultural "Coruja Solidária" e se encontrava na sala de aula. Dentre os poetas, Rosimar Brito, uma professora de História pós-graduada em Administração Escolar.

Dois outros poetas ainda iniciaram o curso pela UVA, um deles não pode continuar, mas o outro se formará em 2010, Eu. O último, juntamente com 3 professores que foram daAPAIP participaram da fundação do SEMPRE_ Segmento dos Estudiosos da Memória e Patrimônio Regional do Maciço de Baturité

4. O SEMPRE

SEMPRE existe por que um universitário da UFC, nascido no município de Fortaleza resolveu escrever sua monografia sobre Pacoti, quando soube de parentes seus residindo na serra.

Quando se apresentou à professora Rosimar Brito, em conversas sobre o Grupo Coruja, resolveu criar um grupo denominado Pendência Serrana, a equipe de destaque da Gincana Cultural, que na época saiu em um artigo do Jornal "O Povo" com o título:"Uma coruja contra Chico Buarque".

Em discussões no grupo "Pendência Serrana"duas ideias minhas se mostraram firmes, e ganhavam mais força: o arquivo e a associação que hoje conta com 56 sócios dentro e fora de Pacoti. O grande anseio é salvar os documentos para re-escrever o possível da História, juntando, para isso, as fontes documentais com as extra-oficiais dos nosso "Arquivos-vivos"Se não restaurarmos a História hoje, amanhã não saberemos quem somos.

Texto corrigido e atualizado em 29/03/2018 pelo última vez (https://jornaldelfos.blogspot.com.br/2011/03/intercambio-cultural.html)

1.3 ENSAIO: A ARTE NO BANCO DO RÉUS

Dependendo da sua visão sobre o que é arte, este título pode parecer estranho, tenho certeza de que vai ser assim para muita gente. Todavia, não há nada de estranho realmente, pois a arte em si não é aquilo que muitos pensam, inclusive do modo que nós mesmos pensávamos há alguns anos atrás.

O texto a seguir, pode ser uma quebra de paradigma para muitos, não é possível, portanto, exigir que os estudantes concordem com esse artigo assim como não podemos exigir mesmo que os professores e intelectuais concordem conosco.

Entretanto, nosso pensamento nele se coaduna em sua maior parte com a visão do Dr. Nigel e com a de Marilena Chauí. As fontes foram exclusiva e respectivamente a série "Como a arte moldou o mundo" e o texto "universo das artes". Por isso, para que ele seja trabalhado devidamente é preciso o contato direto com essas duas fontes para que depois haja debate seguido de produção textual.

OBRAS DE ARTE

Aroldo Filho

Para se falar em arte primeiro temos que perguntar o que é arte. Responder a esta pergunta não é fácil. Lembramos que não há nenhuma definição satisfatória a respeito. Para uma análise profunda, primeiro vamos quebrar o conceito de belas-artes e artes mecânicas.

Imagine a arte como fruto natural daquilo que é vivo, por exemplo: o pensamento, que nos permite prever perigos ocultos e criar um aprimoramento dos recursos naturais para podermos viver mais e melhor.

Arte é o próprio movimento da vida, e artista não é o humano que se esconde na estética vazia ou apenas o conteudista sem técnica, por assim dizer. A arte não carece de intenção cognitiva e sim vida. A arte é a história oculta de tudo o que é vivo.

As divisões de Platão em judicativas e dispositivas, de Aristóteles em Práxis e Poesis, de Plotino em artes naturais, de fabricação e humanas e de Varrão em artes liberais e servis, são ilegítimas. Por que uma arte seria mais importante que outra, se elas se completam?

Por que as artes mecânicas seriam piores ou melhores que as belas-artes quando suprem carências distintas? Por que a arte erudita seria sublime e a popular não? E por que o artista de belas-artes seria um ser diferente dos demais, se todos os seres vivos são os reais artistas?

O artista não tem poder algum, porque poder não existe. Não é divino, pois não existe divindade. A inspiração dos deuses é uma grande farsa, pois o misticismo é uma arapuca mental de controle social, desde o início das civilizações.

As religiões não criaram a arte, mas as artes criaram as religiões, ciências, o senso comum, e tudo o mais em que os seres vivos mexeram virou arte.

Voltando-se para nós humanos, a arte sempre foi uma incógnita, há inúmeras divisões sobre os tipos de arte, por exemplo: Platão divide as artes em judicativas, voltadas para o conhecimento e dispositivas, atividade sobre determinadas regras.

Para Platãopoetas, pintores e escultores desrespeitam os deuses por pregarem a paixão humana. Já a música e a dança formariam melhor o caráter das crianças e adolescentes. Via a gramática, estratégia, aritmética, geometria e astronomia como fundamentais na formação de guerreiros e também filósofos, que deveriam aprender uma arte a mais, a dialética.

Aristóteles faz a distinção entre práxis, ou artes possíveis: política, ética, ciências e filosofia. E poesis, ou arte-técnica: todos os outros tipos de arte que envolvam alguma técnica, como as belas-artes. Também supervaloriza a música, que purificaria a alma, para ele.

Plotino conceitua as artes naturais: medicina e agricultura. Artes de fabricação: artesanato. E artes humanas: música e retórica.

A visão de Varrão no século II, que se estende até o século XV, é de artes liberais: gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. E de artes servis: medicina, arquitetura, agricultura, pintura, escultura, olaria e tecelagem.

No século XX se dá a reparação entre arte erudita (tecnológica) e popular (artesanal). Sendo a arte entendida como expressão da verdade e não da beleza. Tem-se outros pontos de vista sobre a arte: como de cunho social, expressiva e como trabalho ou filosófica ( quando volta-se para a natureza, o homem e a função da própria arte).

Para Nietzsche, a arte era um jogo de exaltação da vida, que a estimulava em êxtase. Já Kant e Hegel defendem a ideia da arte como pedagogia, assim como Aristóteles e Platão.

Muitos defendem a arte como libertação: no teatro, Brechet e Augusto Boal; na poesia, Maikóviski, Pablo Neruda, Ferreira Gullar e José Paes; no romance, Sartre e Graciliano Ramos; no cinema, EinsesteinChaplin e no cinema novo brasileiro; na pintura, Picasso e Portinari; na música, a música de protesto e a MPB dos anos 60 e 70, com Edu Lobo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Milton Nascimento, dentre outros.

As belas-artes serviam à religião, tendo relação íntima com o "sagrado". O artista era um magoO médico e o astrólogo eram artesãos. Arquitetos, pintores e escultores eram iniciados num ofício sagrado. Todos esses conheciam mistérios sobre gestos, cores, instrumentos e ervas e é como se recebessem "dons" dos deuses e para os deuses.

Hoje, com a era dos meios de comunicação, as artes se banalizam em prol do entretenimento sem conteúdo. Entretanto, a arte em si não é algo bom ou mau. As belas-artes servem ao poder desde longa data, mas também servem ao povo, quando informam, por exemplo: através de uma crônica jornalística, uma visão apurada da realidade política ou por meio de uma poesia que escancara as falcatruas sociais escondidas.

Essa espécie de aura sobre os "artistas" perdura, mas temos que encará-los como pessoas comuns. Todos nós somos capazes de produzir poesia, música, cinema, pintura, escultura, fotografia, entre outras coisas, de modos diferentes. Não há nenhum "dom" por trás da arte, uma vez que dom não existe, e sim, trabalho árduo. Pelo menos os artistas que produzem obras "eternas" trabalham duro.

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