quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Capítulo 2: CRÔNICAS, POESIAS E MÚSICAS COMO PROTESTO: UMA VISÃO MAIS APURADA DA ARTE

Capítulo 2: CRÔNICAS, POESIAS E MÚSICAS COMO PROTESTO: UMA VISÃO MAIS APURADA DA ARTE

A voz do poeta não precisa apenas ser um registro do homem, pode ser também um de seus amparos, o pilar que o ajude a resistir e a prevalecer.
(William Faulkner)

Se você mostrar aos jovens o lado “legal” desse tipo de música, eles vão querer ouvi-la. Também temos respeito pelo que eles ouvem. Muitos pais vêm nos agradecer porque seus filhos estão ouvindo as mesmas músicas que eles. Seja por causa do livro, seja porque não é o pai que está falando, mas, sim, o professor cabeludo que entra na sala e começa a falar de Ataulfo Alves e Orlando Silva, o aluno começa achar que aquilo é importante mesmo. É claro que ele não deve deixar de ouvir as músicas atuais, mas também pode apresentar a seu pai o Gabriel, O Pensador, por exemplo. Quando os jovens percebem que aquilo de que gostam tem alguma ligação com o passado e que Renato Russo e Cazuza têm tudo a ver com a música dos anos 50, como a de Dolores Duran, passam a se interessar pelas músicas mais antigas.

2.1 CRÔNICAS:

Na crônica Mine reforma, é mostrada uma análise de uma discussão no congresso sobre um Reforma Política que os deputados desejam realizar. Artigos de jornais do dia são igualmente interessantes para trabalho com pesquisa sobre o assunto na internet ou outros assuntos sobre política, como o pré-sal, a permanência do senador Sarney ou os assuntos mais atuais na no Congresso e Parlamento, seguido de debate e criação literária em sala de aula.

A crônica Botija dos Maia conta uma história real com o nome verdadeiro dos partícipes. Incentive os estudantes, divididos em equipes de cinco mais ou menos, a realizarem entrevistas com pessoas mais idosas do município. Depois de organizarem todo o relato que eles produzam crônicas em conjunto.

Causos locais podem ser recontados segundo a visão dos entrevistados nessas produções, aos transcritores cabe a desmistificação ou não desses supostos acontecimentos. Deixe que eles decidam sobre qual caminho seguir já que não são historiadores profissionais.

Entretanto, o professor de História deve deixar o recado que um historiador profissional anda em busca da verdade pro trás dos fatos, nisso, cabe a ele desfazer lendas e mitos enquanto busca compreender as mentalidades dos povos em cada época.

BOTIJA DOS MAIA

Aroldo Filho

Em 1906, nascia Maria Santina Maia, filha de Raimundo Pereira da Silva e Francisca Soares da Silva. O Maia do nome é porque eles se aparentaram com Maria Ceci Gonzaga de Arruda, ou Vó Ceci, neta de Maria Antonina Maia, ou Mãe Tonha, que era prima de Francisca Soares da Silva.

Ana Maria Soledade e Francisco Soares Leitão, pais de Francisca Soares da Silva, ajudaram a criar Santina Maia, pois o pai desta viajara para o Acre no ciclo da borracha e nunca mais voltou.

Santina Maia, ou Vó Santa, ganhou um grande rosário de ouro branco do seu avô, o vendendo em partes mais tarde. Seu pai, Raimundo da Silva, que fora embora quando ela tinha 11 meses de nascida, desenhando com sangue do indicador na parede uma tal cruz de Salomão, talvez um asterisco, e disse: _Se em 6 meses eu não voltar, quebre este canto aqui, que vai dar pra vocês irem se mantendo.

O tempo passou, e a família nunca soube o que tinha realmente dentro da parede, porém, outras pessoas quebraram e tiraram a sorte grande, quando já não morava ninguém na casa. Quem foram? Não sei. Porque a família mesmo não lucrou? Por medo das lendas. E o que continha de fato sob a dita cruz? Pelo que dizem, potes repletos de ouro e prata.

Minha herança foi pirateada.

MINE REFORMA

Aroldo Filho

Neste 06 de maio de 2009 na câmara federal foi realizada uma comissão especial para debate sobre uma mine reforma política a ser efetuada neste ano ainda. Alguns dos principais temas em que não houve consenso, foram:

1.A ficha limpa
2. Sistema de cotas
3.Coligações partidárias
4.Financiamento privado nas eleições
5.Verba pública para os partidos
6.O voto distrital
7.Fidelidade partidária
8. E a famosa LISTA

1_Ficha limpa: Os que defendem essa ideia dizem que aquele que tiver ficha suja na justiça será inelegível.

2_Sistema de cotas: Houve quem apresentasse esse argumento pelo fato de os índios não estarem sendo representados na câmara, enquanto negros e mulheres estavam sub-representados.

3_Coligação partidária: Alguns defenderam que os partidos não deveriam mais se coligar.

4_Financiamento privado: Foi apontado por uma parte dos deputados que financiamento privado é uma covardia política, pois não há uma luta de igual para igual na máquina marqueteira do capitalismo eleitoral.

5_Verba pública: O repasse para os grandes partidos e para os pequenos é desigual, houve quem mostrasse sua revolta com isso e uma pessoa que levantou a bandeira da diminuição de verba para propaganda eleitoreira, uma vez que o excesso da mesma apenas confunde os eleitores.

6_O voto distrital: Esse é o famoso colégio eleitoral dos Estados Unidos, onde o voto direito não elege o candidato e sim a numeração das regiões. É totalmente antidemocrático, todavia, aqueles que o defendem afirmam que visam acabar ou diminuir o voto de cabresto, sem explicar como fariam isto.

7_Fidelidade partidária: Essa proposta já foi aprovada e mesmo assim há quem seja contra, argumentando que a LISTA e a fidelidade partidária são armas de repressão dos partidos para governar seus candidatos "com mão de ferro".

8_A LISTA: LISTA ou LISTA fechada representa uma tabela dos partidos, você vota no partido e o elege por completo, de vereadores a presidente da república. Caso seja aprovada corre-se o risco de uma DITADURA PARTIDÁRIA, talvez pior que a MILITAR. E quando há ditadura, a guerra civil anda em seu encalço.

As propostas dessa reforma política, por menores que pareçam, mudarão a vida do eleitor brasileiro, pois vai de encontro à diminuição do nosso poder de voto. Em vez de passeata, como informaram algumas deputadas, acontecendo no instante da comissão parlamentar, o que deveria acontecer era um plebiscito, pelo menos no caso das propostas mais anti-democráticas como a LISTA e o voto distrital.

Assim, a reforma iria ser mais justa, ou menos autoritária.

2.2: MÚSICAS:

Aqui serão trabalhadas músicas de Legião Urbana, Bezerra da Silva, Engenheiros do Hawaii e Gabriel o Pensador, todas são de protesto, ou seja; levantam questões sociais mostrando a busca dos cantores e bandas pela verdade em detrimento da beleza.

Embora o quarteto aqui tenha uma legião de fãs, a maior parte deles não se preocupa em interpretar aquilo que seus autores realmente quiseram dizer. O som contagiante e as letras densas na maior parte das vezes divertem ou agridem o grande público enquanto as mensagens passam despercebidas aos ouvidos menos sensíveis ou atentos.

Em "A canção do Senhor da guerra" uma crítica muito forte é realizada aos chefes de Estados que realizam guerras em vão, sendo vampiros caçadores de crianças e soldados. Mas “Deus está do lado de quem vai vencer”, então, lembre da religião como uma arma muito poderosa, como nas cruzadas, aonde o povo fanático vai à luta.

A guerra sempre envolve a questão do lucro, por mais que arranjem outros motivos falsos, e nisso, os grandes se saem bem enquanto o soldado que nem sabe direito por que luta, mata em nome de sua pátria.

Os “velhos” consomem nas guerras a juventude de seus cidadãos em nome do poder, é esta a questão que Rebato Russo aborda. Os estudantes podem produzir outras letras em versos brancos dando seu ponto de vista sobre as guerras que nunca param de acontecer.

"Vítimas da Sociedade" aborda uma questão bem típica do Rio de Janeiro, a ocupação das favelas pelos policiais e o preconceito que temos em relação ao favelado, seja de São Paulo ou de qualquer outro local. Essa música, assim como todo o repertório de Bezerra é obra justamente de moradores das favelas que entregaram a ele, para se fazerem escutar pelo asfalto de São Paulo e pelo resto do Brasil.

Talvez tenha saído desta música o termo ladrão de colarinho branco que virou dito popular. Realmente os grandes se envolvem em escândalos criminais e até mesmo com gangues de tráfico de armas, pessoas e narcóticos. Uma questão aqui gritante é a impunidade parlamentar que protege os políticos, lembremos também que soldados que são afastados e depois regressam ao emprego antigo, juízes já sentenciaram processos quando estavam presos e os paraísos fiscais não são apenas na Suíça, existem outros como as Ilhas Caimã.

“falar a verdade é crime”, esta é uma frase bem chocante, contudo procede. Atualmente, a Folha de São Paulo, a VEJA, e outros veículos estão sendo processados. O deputado conhecido por possuir um castelo em Minas Gerais está levantando cerca de quarenta e quatro (44) processos por supostos danos morais por aqueles que investigaram suas contas fiscais.

Outros processos de censura foram e são sofridos no Brasil atual sempre relacionados a calúnias, que na maior parte das vezes se comprovam reais, sofridas pelos poderosos. Pesquisas podem ser realizadas nesse sentido, com matérias em jornais on-line para depois serem produzidas poesias de protesto a respeito das matérias mais polêmicas.

Em "Toda Forma de Poder" há literalmente uma luta intelectual pela liberdade, pois de algum modo quem detém o poder acaba abusando dele. Outras questões igualmente interessantes são abordadas nesta composição dos Engenheiros, como por exemplo: “a história se repete\ mas a força deixa a estória mal contada”. Esta frase pode ser interpretada com a visão de que a História não conta uma verdade, mas uma versão dos fatos, e sempre haverá outras. A história oficial nem sempre é a verdadeira. Os documentos também mentem, uns mais outros menos.

Por isso a história oral também serve de documento, assim como diários, relatos de viagem, cartas, troca de e-mails e fotos, dentre outros. Todas as formas de documentos devem ser analisadas, se possível por especialistas de cada área em auxílio ao historiador, e a verdade estará mais próxima da zona de convergência deles e não em apenas um deles separadamente.

"Retrato de um playboy parte 2" retrata sarcasticamente um tipo pessoa que realmente existe, aquele garoto mimado de classe média-alta ou alta, parecido com o Zeca na novela "Caminho das Índias" da Rede Globo que terminou há poucos dias. Aquele sujeito que só anda de gangue, e mais uma vez a questão da impunida é levantada.

Pessoas de alto nível econômico fazem de tudo sem levarem punição à altura, quando por ventura são punidas, será que isto está certo? O que podemos fazer como cidadãos para que esta impunidade acabe, ou pelo menos diminua? Leve seus educandos a pensar no assunto e produzirem poesias a respeito de questões políticas de impunidade dentro da nossa “sociedade famigerada e cheia de malícia”.

A Canção Do Senhor Da Guerra
Legião Urbana

Existe alguém
Esperando por você
Que vai comprar
A sua juventude
E convencê-lo a vencer...

Mais uma guerra sem razão
Já são tantas as crianças
Com armas na mão
Mas explicam novamente
Que a guerra gera empregos
Aumenta a produção...

Uma guerra sempre avança
A tecnologia
Mesmo sendo guerra santa
Quente, morna ou fria
Pra que exportar comida?
Se as armas dão mais lucros
Na exportação...

Existe alguém
Que está contando com você
Pra lutar em seu lugar
Já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer...

E quando longe de casa
Ferido e com frio
O inimigo você espera
Ele estará com outros velhos
Inventando
Novos jogos de guerra...

Que belíssimas cenas
De destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação...

Veja que uniforme lindo
Fizemos pra você
Lembre-se sempre
Que Deus está
Do lado de quem vai vencer...

Existe alguém
Que está contando com você
Pra lutar em seu lugar
Já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer...

E quando longe de casa
Ferido e com frio
O inimigo você espera
Ele estará com outros velhos
Inventando
Novos jogos de guerra...

Que belíssimas cenas
De destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação...

Veja que uniforme lindo
Fizemos pra você
Lembre-se sempre
Que Deus está
Do lado de quem vai vencer...

O senhor da guerra
Não gosta de crianças...(6x)

VÍTIMAS DA SOCIEDADE
Bezerra da Silva

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

Só porque moro no morro
A minha miséria a vocês despertou
A verdade é que vivo com fome
Nunca roubei ninguém, sou um trabalhador
Se há um assalto à banco
Como não podem prender o poderoso chefão
Aí os jornais vêm logo dizendo que aqui no morro só mora ladrão

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

Falar a verdade é crime
Porém eu assumo o que vou dizer
Como posso ser ladrão
Se eu não tenho nem o que comer
Não tenho curso superior
Nem o meu nome eu sei assinar
Onde foi se viu um pobre favelado
Com passaporte pra poder roubar

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

No morro ninguém tem mansão
Nem casa de campo pra veranear
Nem iate pra passeios marítimos
E nem avião particular
Somos vítimas de uma sociedade
Famigerada e cheia de malícias
No morro ninguém tem milhões de dólares
Depositados nos bancos da Suíça

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
Toda Forma de Poder

Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Fidel e Pinochet tiram sarro de você
Que não faz nada
E eu começo a achar normal que algum boçal
Atire bombas na embaixada

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

Toda forma de poder
E uma forma de morrer por nada
Toda forma de conduta
Se transforma numa luta armada
A história se repete
Mas a força deixa a estória mal contada

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

fascismo e fascinante
Deixa a gente ignorante fascinada
E tão fácil ir adiante
E esquecer que a coisa toda está errada

Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer…

Retrato De Um Playboy Parte 2
Gabriel O Pensador


Pergunta pro playboy o que ele pensa da vida.
Sabe o que ele te diz? Nada ele baixa porrada!!!
Era mais ou menos assim.

Sou playboy e meto porrada, eu dou porrada eu enfio a porrada.
Só ando com a galera e bato nos mané,
Mas quando eu to sozinho eu só bato nas mulhé.
Eu pego muita gata no mata-leão.
"É isso meu cumpadre, my brother, meu irmão".
Se alguma coisa ta na moda, eu faço também,
Eu tenho um pitbull chamado Bush Hussein
O Bush é pitbull mas eu sou mais ainda,
Arranquei a orelha de uma loira burra linda.
Tinha um cara dançando com essa mulher na boate,
Então pensei: "Ta na hora do combate!"
Eu falei: "Tu pisou no meu pé meu irmão".
Ele disse que não, eu dei logo um socão.
Ele foi pro hospital, ela veio me dar mole.
Eu pedi um chope ela me pediu um gole,
Ela me levou pro motel, vou contar um segredo,
Quando ela tirou a roupa eu fiquei até com medo.
Veio me beijando me chamando de gostoso,
Veio me abraçando eu fiquei meio nervoso,
Veio se esfregando e eu fiquei com nojo dela,
Eu mandei um mordidão e um chute na costela.

Porque eu sou playboy, filhinho de papai.
Eu tenho um pitbull, e eu imito o que ele faz.
Sou playboy, filhinho de papai.
Eu era um debiloide, fiquei ainda mais.

O papai e a mamãe me dão do bom e do melhor,
E quando eles viajam eu fico com a vovó.
Papai é meio ausente e eu sou meio carente.
Mas se falar do meu papai você vai ficar sem dente.
Já sou bem grande, já sei me virar, sei até dirigir, só não aprendi a conversar.
Eu não discuto chuto, eu não debato eu bato, não sei bater um papo mas resolvo no sopapo.
Entro no meu carro e o pedal vai no chão.
"Olha o cara ultrapassando pisa aí meu irmão".
O cara me encarou aí eu dei uma fechada,
Peguei o extintor e parti pra porrada.
Sai de baixo que eu sou macho,
Que eu sou muito macho,
Pelo menos eu acho.
Macho não vacila, macho arrasa.
Macho não leva desaforo pra casa.
Macho é isso, não brinca em serviço.
Macho é robusto, macho é roliço.
Macho é parrudo, macho é pescoçudo.
Macho é poderoso, macho é tudo.
Macho é o que há, e eu gosto muito, rapaz.
Macho é lindo, macho é demais

Sou playboy, filhinho de papai.
Eu tenho um pitbull, e eu imito o que ele faz.
Sou playboy, filhinho de papai.
Eu era um debilóide, fiquei ainda mais.

Eu sou igual àquele cara do casseta,
Me excito com uma boa briga do com uma boate, lotada de gata.
Se não tiver porrada, a noitada não tem graça.
Aí é melhor trabalhar os músculos, né
Malhar é melhor do que mulher.
Por falar em malhar, eu lembrei da Maria.
Aquela popozuda que eu peguei na academia.
Levei ela pra praia e eu fiquei amarradão.
A isca perfeita pra arrumar confusão.
O cara olhou pra suas coxas e ficou com a cara roxa,
E o outro olhou pra suas costas e levou fratura exposta.
A Maria se amarrou no meu show,
Mulher adora essas coisa brou.
É até engraçado, to na delegacia encarando o delegado.
Eu não decido nada to esperando advogado,
Papai já ta chegando pra deixar tudo acertado.
Dei até entrevista, vou sair na TV,
Que maneiro, eu adoro aparecer.
E na hora da foto eu fiz cara de mal,
Amanhã minha galera vai me ver no jornal, aí.

Sou playboy, filhinho de papai.
Eu tenho um pitbull, e eu imito o que ele faz.
Sou playboy, filhinho de papai.
Eu era um debiloide, fiquei ainda mais.

Esse é o retrato da nossa gente fina,
Seja lá no açaí ou alí na cocaína.
É assim que cuidamos do futuro do Brasil,
Até que ponto nós chegamos,
Hein, puta que o pariu!!!!


2.3: POESIA

Chega de mostrar apenas aquela poesia romântica sacal que não leva à reflexão alguma. A poesia em sua forma atual como protesto é muito mais interessante do cunho de vista intelectual que os movimentos de vanguarda européia e todos os seus antecessores.

Não é exigido do poeta um estilo de convergência com os que já existem, pelo contrário, quando se cria um novo estilo a produção é muito mais vigorosa e emocionante ao expectador.

Por exemplo, a poesia A morte destila ódio traz uma mistura de simbolismo romântico e princípio de Filosofia. “a incúria do sistema” carece de mudança que só poderá ocorrer pelos seres pensantes que enxergam esse “nosso oráculo interior”.

A poesia Ode ao encanto é em si uma busca nossa por um estilo próprio de produção mais científica e ao mesmo tempo filosófica, pois também a ciência não é dona de todas as verdades. É como quando você não sabe mais em que acreditar ou se vai ou precisa acreditar em algo. Pomos em xeque tudo o que sabemos.

Pensar é a única alternativa. Várias fontes foram usadas para compô-la e é isso que queremos que os estudante façam; usem várias fontes para criar suas poesias, uma vez que o bom poeta não é divino de forma alguma e sim uma pessoa comum que estuda e cria em cima das suas fontes de pesquisa. Desmistificar a poesia é o caminho mais eficaz de forjar novos bons poetas nesse nosso país. Nós professores podemos ser um suporte a mais nessa empreitada de um novo caminhar.

A Morte Destila Ódio

Aldeni Marinho

TODA NOITE O MESMO SONHO
E O ESCURO BRAVO NÃO PASSA
E A VIOLÊNCIA NÃO PASSA...
NEM ESTA SAUDADE,
NEM ESTE MEDO
NEM ESTE GOVERNO
PASSAM APENAS ESTE POVO INCRÉDULO PARA TRÁS.

ESTA É A REALIDADE, SIM
E TAMBÉM O FIM...
O FIM DO SÉCULO,
VEM TUDO, MENOS A MOÇA QUE QUERO.

É O FIM,
O FIM DO CAPRICHO DOS PODEROSOS

O FIM DA MÚSICA, DA FEBRE
O FIM DA FESTA CANIBAL

SIM, ELES SUGAM NOSSAS VEIAS
MENOS NOSSA CORAGEM FRATERNA
NÃO SUGARÃO AS FONTES
NEM ESTE AMOR IMENSO...

A MORTE DESTILA SEU ÓDIO
NÃO HÁ VACINA, VEJA...
VEJA O FUMANTE,
VEJA O ALCOÓLATRA
VEJA O PEDÓFILO,
VEJA A INCÚRIA DO SISTEMA...

EU QUERO ERRADICAR ESSE MAL

O RITUAL VAI COMEÇAR
CONSULTEM A PITONISA DE DELFOS
OU SUAS PRÓPRIAS CONSCIÊNCIAS
NOSSO ORÁCULO INTERIOR...

ODE AO ENCANTO
Aroldo Filho

Encanto, em teu nome amigos se traem
A serenidade se desfaz de toda a sobriedade
Amores se contraem
O ódio aflora o eixo das virtudes
Estas por si mesmas não valem
Nem mesmo o tempo a elas desperdiçado
Em elogios supérfluos
São mentiras que movem a todos
Beleza, força, perfume e sapiência nada são
Sem o agente perceptor, receptáculo de olhar turvo
Caçador de latitudes
Transeunte da suposta matéria imortal
Poeira-cósmica
Não sabe por que vive, mas se encanta
E acalanta sonhos infelizes
Quando se abrem as cicatrizes químicas
Na torrente das incertezas astronômicas
A natureza nunca foi harmônica
Embora, repleta de gás hélio
Que tudo forma em teoremas
De tabelas periódicas
Ou em gráficos de Gals
O mundo é um caos e não as nuvens de Magritte

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